quarta-feira, 19 de maio de 2010

Considerações Importantes de Vida (e Morte)


"• EIS UM PEQUENO FATO •
Você vai morrer.

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse
assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim,
sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu
sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só
não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

• REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO •

Isso preocupa você?
Insisto — não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.
— É claro, uma apresentação.


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Um começo.
Onde estão meus bons modos?

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é
necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma
gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me
erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus
braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora
gentilmente.

Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de
pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito
pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria
respiração, além do som do cheiro de meus passos.

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar
para buscar você?
Que dirá o céu?

Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem
escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as
cores que vejo o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum
deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão.Ajuda-me a relaxar."
Ass:Morte (isso é para os mais lesadinhos entenderem que é a narradora do texto ,rs)

Adoro este trecho do Livro "A menina que roubava livros" de Marcus Zusac

Link para os interessados:

http://www.labjor.unicamp.br/arquivos/ronye/menina.pdf

ÓTIMO LIVRO!

É quase uma entrevista com a dita cuja.
A celebridade mais conhecida do Universo.
Quer um autógrafo? Não tenha pressa, todos terão a sua vez.

Por quê isto agora senhorita blogueira??
Bom,andei lendo sobre o Gato de Scrödinger,e acredito que a inspiração para estas considerações surgiu daí.Aliás,muito boa leitura também.

Vamos ao que interessa (ou não o.O)

Morrer.Única certeza de um ser vivente e pensante.
Longe de querer aparentar ou dar a idéia de algo macabro,este texto tem por meta outros objetivos mais conscientes e mais realistas do que o padrão geral.Quer ele atentar para um fato pouco debatido pela espécie ,porém tão presente no cotidiano.Se você é religioso demais,ou sensivel demais,ou então,melodramático,eu desaconselho a leitura.

Penso que ,do alto da nossa medíocre inteligência,complicamos demais os temas mais simples e mais urgentes da vida .Tornamos demasiadamente difícil a compreensão e aceitação dos fenômenos mais óbvios .Um deles é a própria morte.A morte física.O despojamento do corpo material.

Não vejo,particularmente,nenhum mistério embutido na trasformação físico-química da matéria -sim,pois parto do príncipio que morrer não é senão uma transformação em diversos níveis do que se entende por corpo- de forma alguma eu pensaria que morrer é um contrasenso,como a maioria das pessoas considera inconscientemente .Para mim,tudo que é vivo e composto de matéria bruta,carne e osso,pelos,clorofila,ou seja lá o que for,há um dia de padecer.
São as leis da natureza.
Mas veja bem,o que se transforma é apenas a matéria.Espírito é eterno,uma vez que não é constituído por atomos ,não é perecível. Porém,não pretendo aqui entrar no mérito da questão,pois isto envolveria religião e este não é o foco principal,muito embora eu tenha escrito e pensado essas coisas estando profundamente influenciada por um embasamento Kardecista,que é o meu natural.

Por natureza típicamente humana,ou seja,falha , egoísta e materialista,acostumamo-nos a sentir uma imensa tristeza e um vazio incalculável quando da partida de um ente querido.Mas de que exatamente sentimos falta?De um corpo gasto,velho e usado que poderia inclusive estar causando sofrimento ao ente amado? De uma matéria bruta ,imperfeita e limitante ? Qual seria o mecanismo mental que nos impele a achar que a vida é tão pouco e que se resume a nascer num corpo e simplesmente desaparecer com ele ,quando este terminar sua vida útil ? Não sei.
Diante deste raciocínio ,pergunto-me se seria a morte assim tão ruim.Será mesmo que é tão feia e obscura como pintaram alguns grandes mestres das artes ?
Será?
Para mim, não.

E digo mais: Acredito que aceita-la e compreendê-la como um fato natural,não determinante do fim da existência e até desejável do ponto de vista biológico seja uma parte importante do caminho rumo a felicidade.Ô ,to falando sério.Muito sério!

Seríamos certamente mais sadios e equilibrados se finalmente percebessemos o sentido da natureza e claro,se juntamente a esta percepção somassemos a idéia de que vida e morte são apenas conceitos criados para facilitar a indicação de um estado meramente físico e não de um estado geral,do ponto de vista do Universo,do todo. Morrer é normal,oras.É preciso .
Já que vamos acabar enquanto corpo,que seja com consciência do que isto significa,que seja com tranquilidade.
Se der até,que seja com bom humor.


Afinal de contas...

" EIS UM PEQUENO FATO ->
Você vai morrer."

Um dia,é claro.XD




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