domingo, 30 de maio de 2010

Discurso sobre a Inteligência Emocional e a Família

A familia é,atualmente,a melhor e mais sólida estrutura de vida em sociedade.O conceito da vida em familia teoricamente se origina com a vinda do Cristo à Terra.A constituição desse modo de vida ,tal como o concebemos na atualidade remonta ao evento citado.
José,Maria e Jesus formam,os três,a Sagrada Família.E nós seguimos então o exemplo sacro ,criando uma nova perspectiva humanística,que é a construção de uma base familiar.Pai,mãe,filhos e agregados,conceitos de lar .

No entanto,tal modelo vem sofrendo ao longo dos séculos um processo de transformação,de modernização.Diga-se de passagem e, contrariando com orgulho os pensamentos extremo-conservador e homofóbico,benéfico.Passamos a admitir outras formas de família,e em breve aceitaremos naturalmente e sem traumas a formação de famílias por pessoas de mesmo sexo,eles e seus filhos ,frutos da união.Tais vertentes da sociedade,outrora marginalizadas devido as suas opções,vem provando quê se existe amor,então tudo é possível.Parto do princípio,é claro,de que quem constrói uma família com sucesso é por quê naturalmente ama com melhor forma de amor o outro.

Chegamos ao ponto central da conversa :Amor

Possuímos uma necessidade imediata e urgente de debater esse assunto.Sem fugas de tema,sem truísmos e sem fazer uso de artifícios que servem apenas para atravancar o diálogo antes mesmo que ele desponte.
Do contrário,precisamos ser francos uns com os outros.

Particularmente,tenho a má impressão de que nós -a maioria de nós- esqueceu-se do significado de amar.Certamente influenciados pelo turbilhão de informações e apelos das mídias,bem como aturdidos pela revolução sexual ocorrida nas últimas décadas,deturpamos o verdadeiro sentido do sentimento-verbo mais importante que conhecemos.Tudo é altamente sexualizado hoje em dia.Há um apelo direto ou indireto à sexualidade em tudo,ou quase tudo que nos oferecem (ou empurram) como entretenimento e muitas vezes produto.Não é preciso exemplificar.Basta que você ligue a sua TV numa emissora qualquer (salvo raras exceções) que você verá ,em tempo real,a constatação de um fato.Mas vamos esclarecer uma coisa :Sou totalmente a favor da abertura da sexualidade,da quebra de tabus ,dogmas e preconceitos a cerca do tema.Está anos-luz distante do meu objetivo tentar "moralizar" feito uma "caxias" uma sociedade livre e que faz suas escolhas com todo direito de expressão.Seria impróprio da minha parte,e porque não dizer,uma imbecilidade se eu nadasse contra algo conquistado a duras penas ,especialmente por nós mulheres.O que me incomoda mesmo é apenas o excesso ,o abuso de apelos sexuais e mensagens subliminares ,a manipulação desenfreada ,irresponsável e desnecessária da mente humana , proveniente de diversas fontes.

Formulei uma hipótese (veja bem,uma HIPÓTESE) pessoal (repito : HIPÓTESE PESSOAL) de que passamos ,recentemente,a escolher nossos cônjuges usando um embasamento majoritariamente físico.Baseados mais no desejo do corpo mesmo.
O que temos chamado de "amor" e que muitas vezes não passa de simples atração física ou seja,aquilo que é o sentimento primário natural , está substituindo um tipo de análise benéfica e necessária do outro ,uma análise humana e filosófica do que a outra pessoa representa verdadeiramente para nós.Quero dizer,uma análise não puramente do outro,mas sobretudo de nós mesmos .

Atributos como o caráter,índole,temperamento,arquétipo ,manias,defeitos,virtudes,objetivos comuns e tantos outros ,tão importantes,estão simplesmente sendo colocados no segundo plano.Ignorados muitas vezes.Dando espaço somente ao que se pode tocar,e que o tempo costuma modificar implacavelmente.Oras,para que dar atenção a meros detalhes não é mesmo?

Deixa pra lá,vamos pular essa etapa.E muito difícil pensar,dialogar então...uma bobagem.Vamos cultuar o corpo,preferencialmente a parte que fica do pescoço para baixo,pois assim é fácil,esta ao alcance das mãos,é de fácil compreensão.

Pensando assim infelizmente,é que temos construido nossas famílias-grande parte de nós.Vez por outra um pouco menos ligados ao plano físico ,de forma menos radical em alguns casos,mas de qualquer maneira,temos cometido certos erros sim.

Nossa mente oprimida e saturada de informações e modismos,atropelada pelo sexismo que persiste em sobreviver e o sensualismo excessivo dos meios de comunicação ("sexismo é um desleixo do qual precisamos urgentemente nos despojar") num contexto coletivo,passa a executar falsas boas escolhas.Passamos a dar mais importância ao que o corpo deseja somente,negligenciando a nós mesmos,damos menos valor hoje ao nossas emoções não-sexuais,e também a própria razão. É possível ter lógica emocional.Não parece,pois fomos condicionados por séculos de escola romântica (no sentido literário e filosófico da palavra) a acreditar que não podemos lutar contra o que sentimos.Na verdade,eu digo que podemos pois sabemos o que nos faz mal.Basta ter auto conhecimento.E outra,muito do que julgamos sentir está bem longe de ser verdadeiro.É muitas vezes tão verdadeiro e dura tanto tempo quanto uma noite de embriaguez.Iludimo-nos com muita facilidade.

Obviamente,o resultado disso tudo é bem previsível.Casamentos que duram um tempo e depois esfacelam como castelo de areia,fatalmente desgastados.Diversas vezes,das duas uma: Ou por que acaba aquele conjunto de reações fisio-químicas que sabidamente caracteriza um estado de paixão,ou por que o outro ja não mais atende aos apelos dos padrões fisicos almejado pelo parceiro.Então,a família se divide.Triste né? Imagine para nossos filhos.Tenho observado uma constância nesse tipo de quadro.Mas acredito de forma otimista que ainda não deve ser geral.


A cada dia mais,acordo logo pensando ser necessária uma mudança nesse padrão auto-destrutivo que criamos e que nos torna tão infelizes e insatisfeitos.Uma guinada assim exigiria uma boa dose de boas fé e vontade ,a começar de si mesmo.É um novo tipo de amor,exposto aqui de forma idealizada , apenas um retrato pessoal do que eu acredito ser saudável.Chamo de amor inteligente.Amor racional.Não tenho intenção de impor este tipo de raciocínio a ninguém,é mais mesmo uma exposição do que eu concebo internamente como algo saudável. E quero pra mim,num futuro não muito distante.

Amar de forma inteligente consiste em olhar além do que os olhos físicos enxergam.Após o baque inicial da paixão e antes de tomar uma decisão que a principio é pra vida toda - a de unir-se a alguém - perguntar-se olhando para dentro de si mesmo,com toda sensibilidade e discernimento possíveis se a pessoa escolhida é de fato o que se quer.Além da cama afinal, a vida não se resume a uma cama.De posse de alguns dados,obtidos pelo convívio do namoro ,por exemplo,questionar se você estará disposto a perdoar pequenos deslizes,aturar no desfiar dos anos determinadas manias que todo mundo tem (isso é FATO!) ,se o conjunto de virtudes que compõem o outro lhe agrada,e também,imaginar-se daqui a uns anos (tipo,10,15...) ao lado daquela pessoa.É preciso ter uma pequena noção (já que a realidade é mutável) do tamanho e da natureza do próprio amor.
Seria forte o suficiente para suportar certos trancos que a convivência diária com certeza dará? As coisas mudam muito com o tempo.As pessoas vão ficando diferentes ,se casadas,costumam "mudar" juntas para bom ou ruim alias ,isto é uma coisa que poucos notam com alegria ou com total noção de realidade.Notamos sempre - que o OUTRO "mudou",pra pior ou melhor.


O que sabemos é que nem tudo são flores no casamento e que o outro vai acabar transparecendo aos nossos olhos ,apenas não usamos de forma correta essa informação.Escolhemos errado .

Acabamos mesmo no fim colocando as coisas na ordem inversa.Sexo é importante,importantíssimo.Mas continuo achando que é uma consequência do que somos capazes de sentir pelo outro.Não estou falando de quem é solteiro,isso já seria uma outra discussão,me refiro à vida a dois.

É preciso amar demais , aceitar e compreender a imperfeição daqueles que escolhemos para viver,antes de mais nada.E isso tem obrigatoriamente que ser recíproco.

Amor de fato,na minha concepção,é muitas coisas,mas antes de tudo é forte-resiste ao tempo
,é suave e constante- você o percebe todos os dias,nas pequenas coisas,é paciente- compreende que o outro é tão ser humano quanto você,e por isso o aceita e entende.É colorido,delicadamente colorido.

Já o tipo de amor meramente sensual é medíocre,a príncipio é tão agradável quanto um bom perfume,mas no mesmo exemplo,é fulgaz e etéreo,acaba perdendo sua intensidade e some,com o tempo.É necessário esse tipo de amor,desde que devidamente inserido no contexto do primeiro.

Voltando a primeira exposição- que se refere a família- encontrei aqui então uma boa conclusão para minha hipótese: A base da família,é mesmo o amor.E a base da sociedade contemporânea,é a família.
Com isto,acredito que deveríamos nos questionar mais frequentemente sobre nossos desejos e aspirações de adultos,a partir de uma análise dos fatos e do contexto social atual no qual estamos inseridos,nos perguntar se nossas mazelas ,infortúnios e insatisfações não seriam fruto e consequência direta das nossas próprias escolhas.Se escolhemos por impulso,escolhemos errado.E se escolhemos errado,criamos nossos próprios problemas de forma gratuita e desnecessária.Somos responsáveis por tudo que passamos.Certamente,a realidade não é perfeita,acidentes acontecem e somos seres mutáveis.
Porém,possuímos a péssima mania de culpar o outro por tudo de mal que nos aflige,quando na verdade,a culpa não é apenas de um.Isso é a falta de amor,também a falta de saber se colocar na posição do próximo.

Sei bem o significado da expressão "a vida não é um mar de rosas".Sim ,claro,não existe perfeição.Não há receita nem manual.Os caminhos a trilhar são diversos,porém todos eles apresentam intempéries e contratempos.Mas e daí?A vida não é assim mesmo,para todos?

Ainda assim,considerando as pedras do caminho,acredito que há mais o que se ganhar quando se abre mão de algumas coisinhas pequenas a favor de alguém,quando cedemos numa discussão por exemplo,ou quando temos que adaptar alguma vontade para não magoar o outro .Temos sempre a impressão de sair perdendo nessas situações,porém muitas vezes lucramos sem nos dar conta disso.Certas portas que fechamos abrem mais do que uma janela,abrem um horizonte.

Casais inteligentes não apenas enriquecem juntos materialmente,como diz o título do livro de Gustavo Cerbasi,mas também,evoluem uniformemente em todos os sentidos da existência humana,tornam-se fatalmente pessoas melhores ,pois aprendem a superar os obstáculos unidos,olham na maior parte das vezes na mesma direção,sonham juntos e realizam juntos.Mesmo que discordem eventualmente,acabam por descobrir o caminho da tolerância e da compreensão mútua.Criam filhos nesse bom exemplo,alimentando a sociedade de adultos equilibrados. Se respeitam acima de tudo.Respeito para mim é o terceiro pilar do "triângulo da felicidade " .Os outros são o amor e a amizade.E este triângulo é gerador de diversas virtudes que medeiam uma vida feliz.

Finalizando e resumindo a linha de pensamento que criei ao longo do tempo sobre o relacionamento humano ,acredito que podemos refinar nossas escolhas mediante o bom senso,proveniente da sensibilidade,do amor inteligente e do diálogo ,melhorando de forma indireta o modo como nos posicionamos na sociedade ,creio que seria possível a longo prazo até e, inclusive,melhorar consideravelmente nossos indices de criminalidade e violência,pois grande parte dessa problemática é oriunda da ausência de bases familiares bem estruturadas.Se o casamento não deu certo,não teve jeito de jeito algum,tudo bem,dá pra compreender em muitos casos,mas,de preferência,que passemos a olhar mais o que existe de bom verdadeiramente no outro, sem dar tanta atenção, como temos feito ,aos padrões que a era da sensualidade nos impõe.Fechar os olhos e os ouvidos para o que é industrial,midiático,artificial .

O que é bom e belo em essência, artista nenhum jamais conseguirá transformar em outdoor.

De fato,o melhor de cada um de nós, sacralizado intimamente, é o que resiste a passagem da areia na ampulheta .E é isso que devemos,ou pelo menos deveríamos,amar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Considerações Importantes de Vida (e Morte)


"• EIS UM PEQUENO FATO •
Você vai morrer.

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse
assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim,
sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu
sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só
não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

• REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO •

Isso preocupa você?
Insisto — não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.
— É claro, uma apresentação.


-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Um começo.
Onde estão meus bons modos?

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é
necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma
gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me
erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus
braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora
gentilmente.

Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de
pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito
pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria
respiração, além do som do cheiro de meus passos.

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar
para buscar você?
Que dirá o céu?

Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem
escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as
cores que vejo o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum
deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão.Ajuda-me a relaxar."
Ass:Morte (isso é para os mais lesadinhos entenderem que é a narradora do texto ,rs)

Adoro este trecho do Livro "A menina que roubava livros" de Marcus Zusac

Link para os interessados:

http://www.labjor.unicamp.br/arquivos/ronye/menina.pdf

ÓTIMO LIVRO!

É quase uma entrevista com a dita cuja.
A celebridade mais conhecida do Universo.
Quer um autógrafo? Não tenha pressa, todos terão a sua vez.

Por quê isto agora senhorita blogueira??
Bom,andei lendo sobre o Gato de Scrödinger,e acredito que a inspiração para estas considerações surgiu daí.Aliás,muito boa leitura também.

Vamos ao que interessa (ou não o.O)

Morrer.Única certeza de um ser vivente e pensante.
Longe de querer aparentar ou dar a idéia de algo macabro,este texto tem por meta outros objetivos mais conscientes e mais realistas do que o padrão geral.Quer ele atentar para um fato pouco debatido pela espécie ,porém tão presente no cotidiano.Se você é religioso demais,ou sensivel demais,ou então,melodramático,eu desaconselho a leitura.

Penso que ,do alto da nossa medíocre inteligência,complicamos demais os temas mais simples e mais urgentes da vida .Tornamos demasiadamente difícil a compreensão e aceitação dos fenômenos mais óbvios .Um deles é a própria morte.A morte física.O despojamento do corpo material.

Não vejo,particularmente,nenhum mistério embutido na trasformação físico-química da matéria -sim,pois parto do príncipio que morrer não é senão uma transformação em diversos níveis do que se entende por corpo- de forma alguma eu pensaria que morrer é um contrasenso,como a maioria das pessoas considera inconscientemente .Para mim,tudo que é vivo e composto de matéria bruta,carne e osso,pelos,clorofila,ou seja lá o que for,há um dia de padecer.
São as leis da natureza.
Mas veja bem,o que se transforma é apenas a matéria.Espírito é eterno,uma vez que não é constituído por atomos ,não é perecível. Porém,não pretendo aqui entrar no mérito da questão,pois isto envolveria religião e este não é o foco principal,muito embora eu tenha escrito e pensado essas coisas estando profundamente influenciada por um embasamento Kardecista,que é o meu natural.

Por natureza típicamente humana,ou seja,falha , egoísta e materialista,acostumamo-nos a sentir uma imensa tristeza e um vazio incalculável quando da partida de um ente querido.Mas de que exatamente sentimos falta?De um corpo gasto,velho e usado que poderia inclusive estar causando sofrimento ao ente amado? De uma matéria bruta ,imperfeita e limitante ? Qual seria o mecanismo mental que nos impele a achar que a vida é tão pouco e que se resume a nascer num corpo e simplesmente desaparecer com ele ,quando este terminar sua vida útil ? Não sei.
Diante deste raciocínio ,pergunto-me se seria a morte assim tão ruim.Será mesmo que é tão feia e obscura como pintaram alguns grandes mestres das artes ?
Será?
Para mim, não.

E digo mais: Acredito que aceita-la e compreendê-la como um fato natural,não determinante do fim da existência e até desejável do ponto de vista biológico seja uma parte importante do caminho rumo a felicidade.Ô ,to falando sério.Muito sério!

Seríamos certamente mais sadios e equilibrados se finalmente percebessemos o sentido da natureza e claro,se juntamente a esta percepção somassemos a idéia de que vida e morte são apenas conceitos criados para facilitar a indicação de um estado meramente físico e não de um estado geral,do ponto de vista do Universo,do todo. Morrer é normal,oras.É preciso .
Já que vamos acabar enquanto corpo,que seja com consciência do que isto significa,que seja com tranquilidade.
Se der até,que seja com bom humor.


Afinal de contas...

" EIS UM PEQUENO FATO ->
Você vai morrer."

Um dia,é claro.XD